quinta-feira, 30 de junho de 2016

Minha história eu mesmo faço! EP. 0 A estrada de tijolos amarelos PART. 2




-Você acha mesmo que isso vai te fazer bem? -Ele me olhou como se observasse uma pessoa louca -Você sabe que quando passar pela primeira curva você vai estar na merda, mas uma merda tão na merda que nem seus amigos vão aguentar você. E isso que você quer? Ficar na merda e ainda por cima sozinho? Você precisa entender que o tio só coloca as coisas do nível hard.

Eu apenas observava a minha cópia bem vestida falar e falar dona da sua razão um discurso tão chato que me obrigou a intervir.





-E porque você se preocupa tanto com isso? Assim, eu não quero ser chato, mas isso é de longe muito estranho, você que de alguma forma parece comigo surge do nada e começa um textão sem eu nem falar nada.

Ele me olhou com atenção e sorriu me fazendo realmente parecer um louco.

-E sério que numa altura dessa eu surgir do nada foi a coisa mais estranha? As vezes eu realmente não queria participar disso, mas você não me deixa escolha. NÃO TA NA CARA?! Ele esticou o braço e apontou para si. -Eu sou você! Claro, muito melhor, mas sou... Eu vim impedir que faça mais uma vez a merda do auto-conhecimento.

-E quem você pensa que é pra me impedir? A vida é minha, as escolhas são minhas...

-Errado! As escolhas são nossas, afinal de contas somos a mesma pessoa...E sendo assim, deve ser minimamente sensato e deixar quem entende decidir, então é por aqui mesmo que terminamos essa conversa. Ele me pegou pelo braço e me fez fazer o caminho de volta. -Você já pode ir!

-Eu não vou voltar! Forcei-o a me soltar e voltei a andar em frente. -Você não existe é coisa da minha cabeça. O tio falou sobre você, ele disse para eu não deixar que as coisas tomem as rédeas da situação!

-Eu não sou uma coisa, garoto! O caminho é pior do que imagina, é melhor parar agora antes que as coisas tomem um rumo que não iriamos querer!

-Nós não iriamos querer? Não completar o trajeto é interesse seu não meu... Você fala como se dependesse de você a escolha! Mas ela é minha.

-Não era pra ser sua! Não era pra ter me tirado do comando, você era forte, e olha no que você se tornou, deixa qualquer coisa afetar a gente!

-Isso é mentira!

-ISSO É VERDADE! Nos sabemos que antes não doía, quando essa estrada era minha, EU NÃO DEIXAVA VOCÊ SE MACHUCAR! E agora você ligou o foda-se e ta se achando o mais novo senhor da verdade, faça um favor pra todos nós e não tente ser o que não é!

-Eu sei o que é isso... A luz veio como um estalo em minha cabeça.As impressões que iriam querer tomar o controle da situação, você... Esse é o meu subconsciente, e você é apenas uma parte de mim...

-Infelizmente você é uma parte de mim...

-Não... Eu não sou, eu me tornei uma pessoa fria e cruel porque eu tinha medo de voltar a sofrer, mas a verdade é que foi errando que eu aprendi. E você... Você foi apenas uma fase que não tem mais força, sabe porque? Por que eu nunca fui assim, e nunca serei... Você não tem força pra me impedir, eu nem sei porquê você ainda existe... Eu te enterrei a dois anos atrás!

-Eu tenho vergonha de você!

-Você não é ninguém pra achar nada!


Já estava decidido quando dei as costas para o meu outro eu infernal e continuei o trajeto virando a primeira curva da estrada.

-Eu espero que não se arrependa seu idiota! De tudo que vai ver no caminho eu sou apenas a cereja do bolo, e não pense que vai se desfazer de mim assim tão fácil!

E estava certo, ele não mais me impediu de seguir o caminho, não olhei para trás em nenhum momento, apenas segui, e como antes, o deixei para que caísse pra sempre no esquecimento.

Dia da colheita


Doce da terra
Amargo de provar
Aqui tudo o que se planta, colhe
Tudo o que se semeia, dá

Mãos e calos, sol e suor
Valeu a pena esperar
O sorriso ou a lágria que colhe
É o futuro que virar

Corre, e colhe
A noite cairá
Não temerás a carritilha
E tempo de prosperá!

terça-feira, 21 de junho de 2016

Minha história eu mesmo faço! EP. 0 A estrada de tijolos amarelos PART. 1




Eu  vi, realmente deu pra notar que 2016 é realmente um ano de mudanças, um ano de cobranças, um ano onde os SIG's  estarão zerados ,e o melhor, sem nenhuma pendencia futura. Eu me vejo assim, diferente, mais humano, ponderante, consciente dos erros cometidos e pronto para resolvê-los. Eu estou melhor, mais maduro, mais confiante e mais sucinto, se é que você me entende. Bom, pra falar a verdade todos passaram e passam por esse mesmo processo onde aprendemos e convivemos com milhares de características que hora nos assustam, hora nos amedrontam, mas sempre nos ensinam uma lição.
Eu me via perdido numa imensidão escura, como se estivesse em uma ilha de magoas num mar de mesmice. Dramático não?! O fato é que eu precisava acordar para vida. Mas a pergunta que todos fazem é: Como? E isso me incomodava a ponto de refletir em minha saúde.
Eu estava entrando em um complexo quando DE REPENTE surgiu diante dos meus olhos uma imensa luz que clareou todas as minhas ideias. Eu desacelerei, sim, parei de pensar demais, refletir demais, eu simplesmente parei de pensar em tudo, e foi quando "ele" me disse o que eu precisava saber. Foi mal Xuxa você tem o cara la de cima, e ele até parece legal! Mas pra mim ele é o tio da roda gigante, que está sempre cuidando de mim, e toda vez que eu cochicho com ele "o tio, meu carrinho não tá legal..." Ele sempre tem um óleo ou uma mala de ferramentas para me socorrer!
Ele foi claro: -"EU LHE DAREI O CAMINHO E VOCÊ TERÁ QUE ATRAVESSÁ-LO, SEM APOIO!"
Eu no começo senti medo, meus amigos sempre estiveram comigo, e era obviou que muitos atravessariam comigo e não me deixariam sozinho. Porque eu teria que fazer aquilo sozinho?

-Foi o senhor mesmo que me disse que sozinho eu não sou nada!

Gritei! Já a espera de uma resposta concreta!

-Meu pequeno, isso é entre você e você mesmo, são seus problemas, você os criou sem a ajuda de ninguém, então tem capacidade de resolvê-los sozinhos.

Eu senti um calafrio percorrer o meu corpo, eu estava realmente com medo, mas eu sentia que dessa vez seria diferente, eu deveria agir sem pensar no "e se" a escolha, a vida e o caminho eram meus, estava tudo nas minhas mãos.

-Eu aceito o desafio!

Foi a última coisa que eu disse, e como num passe de mágica uma trilha emergiu das profundezes e serpenteou até o horizonte.

-Vá meu pequeno, boa viagem! E tome cuidado com as suas impressões, elas gostam de tomar as rédeas das coisas.

Eu não parei pra pensar, apenas adentrei a estrada de tijolos amarelos e andei sem olhar para trás. Eu estava sozinho desta vez, numa viagem que me prometia uma recompensa preciosa na outra ponta. O meu verdadeiro eu! E nesse mesmo compasso que eu entendi a primeira lição que o Tio me ensinava quando ele falou "são seus problemas, você os criou sem a ajuda de ninguém". Eram os meus complexos, por isso estava sozinho, por isso eu sinto um medo qual não consigo explicar. Eu não precisava cuidar de mim, não necessariamente, eu precisava resolver milhares de complexos que havia criado, e me tirar dessa confusão que eu havia me metido. O que ia encontrar pela frente era eu mesmo, e o pior, um sabotador que conhece exatamente o que eu penso.

Eu caminhei, caminhei, caminhei, e em alguns momentos apreciei a paisagem que outrora não havia percebido ou conseguido avistar de onde eu estava e quando já havia me acostumado com o silencio e tranquilidade da jornada um enorme estrondo veio emergido debaixo dos tijolos e o fogo ascendeu da terra espalhando fagulhas para todo o lado. Uma sombra parecia dançar sobre as labaredas, meus braços ainda cobriam o rosto quando as chamas se tornaram uma enorme cortina de fumaça onde só era possível escutar  a voz.


-Menino burro! Onde já se viu querer mechar em problemas já esquecidos, melhore!

A sombra surgiu em meio a cortina de fumaça e eu pude ver de quem se tratava a voz "dona da razão"

Era eu mesmo, e estava incrível com um vestido e uma blusa amarrada com uma bota, e o meu cabelo solto de prancha um estilo mais dark da alta costura. Ele me olhava como se estivesse observando um desconhecido que deu um oi na rua, e o pior, falando como se estivesse me dando uma lição de moral.

-Tá ocioso? Poque eu nunca vi tanta palhaçada, ta uma moda danada de ficar cavando poço pra se jogar! Deixa eu te dar um toque. Pare, apenas pare de palhaçada!

Os trejeitos, a forma de falar, tudo era eu. Parecia está vendo uma versão ácida full time de mim.

-Cuidado com as suas impressões...

Falei baixinho para que somente eu pudesse ouvir.


TO BE CONTINUED




terça-feira, 14 de junho de 2016

Os estranhos casos do escritório da rua 13 - Caso 347: Suspeitas pelo SMS Part. 2


"E o meu verbo transcendeu o clima o fazendo suar"

Eu apenas o observava por trás cortina de fumaça, e se estivesse mesmo certo aquele garotinho iria sair da mesma maneira que havia entrado em meu escritório.

-Eu acho que é um cara, tá legal! Estão tentando me sacanear na escola e por isso eu quero descobrir!

O garoto apertava a barra da camisa já ao ponto de rasgá-la, percebi que estava na hora de pegar mais leve, ele estava se esforçando o máximo, então decidi ajudá-lo.

-Muito bem garoto... E só preciso de algumas informações e se cooperar, e quando digo cooperar eu estou dizendo, ser direto e não ter rodeios, eu lhe direi o que precisa saber.

-Você está com o numero?

-Estou sim...

Ele estendeu um papel com o numero pra mim, e eu o coloquei no bolso.

-A quanto tempo está nessa rotina?

-Duas semanas...

-Isso lhe preocupa?

-Em parte?

-Acredita em alguém perigoso ou apenas uma brincadeira dos seus amigos?

-Acredito que seja uma brincadeira?

-Você é gay?

-O que?! Não... Que pergunta louca...

-Se não é gay, acha mesmo que seus amigos fariam isso, usar o numero de um homem?

-Eu não sei, eu tento descobrir coisas, eu dou a entender sobre as mensagens, mas eles não se tocam, nem desconversam, parece mesmo que eles não sabem o que tá acontecendo...

-Contou a alguém?

-Não, eu tenho medo que alguém descubra isso e ria da minha cara...

-Com que frequência recebe as mensagens?

-Todo dia, varia muito, sempre uma com bom dia, as vezes de tarde, de vez em quando um boa noite... Sempre assim...

-Posso ver o conteúdo das mensagens?

O menino sacou o celular do bolso e me mostrou as mensagens, era obviou que quem escrevia estava tentando conquistar o garoto, eram mensagens no mesmo estilo, o contato com o nome de "X" escrevia frases de amor, trechos de música, algo que as pessoas costumavam colocar no orkut em depoimentos. Algumas vinham com uma esperança de revelação, mas não passava disso. As mensagens do garoto em resposta eram apenas, um " Posso saber quem é você?" repetitivo a cada nova mensagem recebida.

-Eu já tenho o que eu preciso... Dentro de três dias eu entrarei em contato com você, até lá... Continue a responder as mensagens. Qualquer novidade que seja realmente uma pista, entre em contato comigo, ok?

-OK...

Agora sozinho no escritório eu peguei o meu telefone e disquei o numero que ele havia me entregado. Caixa postal. Pela minha experiencia eu diria que o garoto está com medo de se envolver com algo que vai machucá-lo no futuro, ou pior, o expor de maneira agressiva. Mas ele já estava envolvido demais com as mensagens deve ser muito solitário para entrar nessa neurose. Descobrir quem era o dono do celular seria a coisa muito fácil, entrei na internet e descobri a operadora do numero qual ele recebia as menagens, rapidamente disquei o contato do atendimento e depois de alguns minutos já estava falando com uma teleoperadora.

-Em que posso ajudá-lo?

-Eu comprei um chip para presentear a minha mãe e não me lembro se cadastrei.

-Seria o numero que está falando comigo?

-Não, não seria outro

Não demorou muito para ela retornar...

-Senhor, esse numero já está cadastrado.

-Então eu já cadastrei... Está no nome dela?

-Não senhor, é um nome de homem

-Então tá no meu, muito obrigado!

-Senhor não está no seu nome... E de uma outra pessoa.

-Não ta meu nome?  Estranho... Porque acabei de comprar

-Mas esse chip está cadastrado a mais de três meses, senhor

-Poderia me dizer apenas o primeiro nome para ver se eu o reconheço.

-O primeiro nome é Jeferson, senhor...

-Não... Não conheço, acho que errei o numero, vou procurar e retorno, muito obrigado!

As coisas estavam favoráveis para o garoto, numa mesma ligação eu descobri que era um homem e que ele se chamava Jeferson.

Nos dias seguintes eu fiz uma pesquisa de campo, o garoto não tinha nenhum parente ou amigo com esse nome, as vezes em que eu tentei ligar o numero não atendeu no modo privado, e apenas ficava mudo esperando o reconhecimento da minha voz. Provavelmente a escola deveria ter uma gama de Jeferson's, mas era o único começo.

Eu segui o garoto durante os dias seguintes, a escola estava em pré gincana, o que aumentava a dificuldade, muitos alunos andando pelo enorme parque de um lado para o outro, alguns namorando, outros bebendo, outros fumando maconha, e outros sentados apenas conversando.
Eu havia avistado o garoto, ele estava sentado rindo com alguns colegas e rodeado de pessoas de outras escolas. Era uma tarde de sexta e os alunos estava aos montes pelo parque Costa Azul, eu precisava ser cauteloso para que o garoto não me encontrasse, isso poderia estragar a visita de campo.
Eu o observei por algumas horas, ele estava sorrindo e se divertindo cheio de mochilas em volta, estava tudo tranquilo quando ele ficou sentado por alguns minutos sozinho em um banco de costas para os amigos que bebiam e batucavam um pouco mais distantes, ele olhava o celular, imaginei que deveria ser outra mensagem. Olhei em volta a procura de pessoas com celular na mão, mas era bem provável que a apessoa estivesse sem o celular nas mãos a uma altura daquelas.
Eu estava bem paciente aquele dia e ficaria ali até o garoto ir embora, mas as vezes somos surpreendidos com feitos do destino, no meu caso costumo chamar de estar no lugar certo, na hora certa, ou em sua tradução FLAGRANTE. Um dos melhores momentos e mais esperados de um detetive.

Um garoto de outra escola, gravei a farda, sentou e conversou com eles por alguns instantes, mas foi no meio daquela conversa que eu pude presenciar o garoto ser puxado e ter um beijo roubado. A minha máquina fotografou cada momento da cena, a assim que vi o jovem garoto confuso e agora sem rumo sair em direção ao ponto, segui o resto da tarde inteira o menino do "outro colégio", e o vi agir como nada tivesse acontecido, beber e rir com os colegas e depois de algumas horas ele seguir para o outro lado da praça em direção a um ponto de ônibus.
Eu o segui até o ponto e me aproveitando da situação, dissimulei uma situação para puxar conversa com o garoto.

-Boa noite, você sabe me dizer como eu faço pra chegar até o Shopping Iguatemi por aqui, eu não moro aqui e acho que vou perder meu ônibus.

-Pegue esse daqui e pede pra o cobrador lhe mostrar o ponto, o Iguatemi fica aqui do lado, rapidinho você chega.

-Poxa... Muito obrigado! Qual o seu nome?

-Jeferson.

-Muito obrigado Jeferson, valeu pela força.

Eu entrei no ônibus e apos a primeira curva desci no ponto seguinte. Caminhei até o carro e retornei para o escritório. Todo o dossiê, já estava pronto e no dia seguinte chamaria o garoto até o escritório.
Mas no dia seguinte o garoto surgiu pela porta com uma cara bem estampada e sentou-se frente a mesa.

-Não precisa mais continuar... Ele colocou o dinheiro na mesa. -Eu acho que já tenho a resposta.

Eu apenas o olhei para ter certeza da cara de felicidade que ele tentava me esconder.

-Acho que temos um caso encerrado por aqui. E pelo visto não precisou que eu lhe dissesse nada.

-Eu acabei descobrindo tudo...

-O Jeferson não me pareceu um cara ruim, aproveite o seu romance as escondidas e cuidado para não por os pés pelas mãos.

O garoto me olhou com uma cara de surpresa.

-Eu sou um detetive garoto esse é o meu trabalho e não precisa se preocupar, o seu segredo está guardado.

Ele apenas sorriu para mim e saiu pela porta do escritório. Lembro de ter visto o garoto tempos depois, ele estava namorando com uma garota, ele não seguiu o meu conselho e acabou colocando os pés pelas mãos. Ele não era um mal garoto, só precisava se encontrar. E eu espero que hoje em dia ele seja alguém mais confiante comparado com o garotinho amedrontado e arredio que havia entrado no meu escritório a oito anos atrás.

O caso 347, mostrou que as suspeitas do SMS eram verdadeiras, existiam realmente alguém, o "X" da questão, Jeferson, um garoto que não precisou ser revelado pois me deu um dos maiores flagras adolescentes da minha carreira.


O 347 ESTÁ: 










domingo, 5 de junho de 2016

Os estranhos casos do escritório da rua 13 - Caso 347: Suspeitas pelo SMS Part. 1



Meados de abril de 2008, Era muito cedo sete ou oito da manhã e o escritório ainda estava fechado, ele entrou na minha sala como alguém que não queria nada.


-Desculpe senhor, estamos fechados.

Eu não o olharia se ele não puxasse uma cadeira e se sentasse.

-Mas eu não tenho outro horário... Você precisa me ajudar!

A voz não parecia a de um homem, e quando levantei o rosto deparei-me com um menino parado diante de mim, dezesseis anos, moreno, de cabelos cacheados bem pretos e com os olhos castanhos mais amedrontados que uma manhã de outono levemente fria poderia me apresentar.

-O que faz aqui garoto? Devia estar na escola...

-Eu sei, mas eu não viria aqui se não fosse importante!


-E o que um garoto como você tem de tão importante a ponto de precisar procurar alguém como eu?


Eu costumava atender muitos tipos de pessoas, principalmente aquelas com dificuldades mais peculiares que o mundo já viu. Mas nunca vi algo tão estranho como um garoto aparentemente assustado invadir o meu escritório e pedir ajuda.Ele me olhava como se tivesse algo pra falar, mas de alguma maneira não sabia como, estava claro que tinha muito medo que alguém descobrisse que ele estava ali, ou pior, que esse alguém fosse da sua família.

-Eu, eu... Preciso que me ajude a descobrir quem é uma pessoa...


-E que tipo de pessoa estamos falando?-Eu não sei, eu recebo mensagem, mas a pessoa não se identifica.

-Já tentou ligar?


-Não tive coragem no inicio, mas aí pensei em ligar e ficar em silencio apenas para ouvir a voz, mas a pessoa não me atende.


-E porque ela não te atende, você perguntou?


-Ela disse que não podia se revelar, mas...

Ele se calou e pensou novamente no que iria me dizer, eu não podia deixar que raciocinasse, ele iria florear a história e perderíamos informações.

-Mas o que? Insisti no questionamento. -Essa pessoa lhe deu alguma dica?


-Não, ela apenas me da bom dia, manda mensagens legais e...


-E mais o que?


-E disse que está apaixonada...


-Apaixonada, então é de uma garota de que estamos falando?
Blefei, sabia desde o início daquela conversa breve e nada amistosa que não.

-Não! Quando falo apaixonada eu quero dizer a pessoa, a pessoa apaixonada!

-Garoto, você e eu somos espertos o suficiente para saber que esta conversa não está tomando o rumo que desejamos, se existe uma melhor maneira de se chegar a um objetivo, essa é uma reta.

O ventilador soprou uma corrente de ar frio entre nós, e eu pude vê-lo engolir em seco enquanto soltava a fumaça do meu charuto agora com aroma misturado a pinho e papel amontoado. 


-Eu vou lhe dar duas opções garoto, você pode ir direto ao ponto e me deixar te ajudar, ou você pega sua mochilinha coloridinha e volta para o jardim de infância onde você aprendeu a dar tantos rodeios para se justificar. Escolha!


TO BE CONTINUED...