domingo, 5 de junho de 2016

Os estranhos casos do escritório da rua 13 - Caso 347: Suspeitas pelo SMS Part. 1



Meados de abril de 2008, Era muito cedo sete ou oito da manhã e o escritório ainda estava fechado, ele entrou na minha sala como alguém que não queria nada.


-Desculpe senhor, estamos fechados.

Eu não o olharia se ele não puxasse uma cadeira e se sentasse.

-Mas eu não tenho outro horário... Você precisa me ajudar!

A voz não parecia a de um homem, e quando levantei o rosto deparei-me com um menino parado diante de mim, dezesseis anos, moreno, de cabelos cacheados bem pretos e com os olhos castanhos mais amedrontados que uma manhã de outono levemente fria poderia me apresentar.

-O que faz aqui garoto? Devia estar na escola...

-Eu sei, mas eu não viria aqui se não fosse importante!


-E o que um garoto como você tem de tão importante a ponto de precisar procurar alguém como eu?


Eu costumava atender muitos tipos de pessoas, principalmente aquelas com dificuldades mais peculiares que o mundo já viu. Mas nunca vi algo tão estranho como um garoto aparentemente assustado invadir o meu escritório e pedir ajuda.Ele me olhava como se tivesse algo pra falar, mas de alguma maneira não sabia como, estava claro que tinha muito medo que alguém descobrisse que ele estava ali, ou pior, que esse alguém fosse da sua família.

-Eu, eu... Preciso que me ajude a descobrir quem é uma pessoa...


-E que tipo de pessoa estamos falando?-Eu não sei, eu recebo mensagem, mas a pessoa não se identifica.

-Já tentou ligar?


-Não tive coragem no inicio, mas aí pensei em ligar e ficar em silencio apenas para ouvir a voz, mas a pessoa não me atende.


-E porque ela não te atende, você perguntou?


-Ela disse que não podia se revelar, mas...

Ele se calou e pensou novamente no que iria me dizer, eu não podia deixar que raciocinasse, ele iria florear a história e perderíamos informações.

-Mas o que? Insisti no questionamento. -Essa pessoa lhe deu alguma dica?


-Não, ela apenas me da bom dia, manda mensagens legais e...


-E mais o que?


-E disse que está apaixonada...


-Apaixonada, então é de uma garota de que estamos falando?
Blefei, sabia desde o início daquela conversa breve e nada amistosa que não.

-Não! Quando falo apaixonada eu quero dizer a pessoa, a pessoa apaixonada!

-Garoto, você e eu somos espertos o suficiente para saber que esta conversa não está tomando o rumo que desejamos, se existe uma melhor maneira de se chegar a um objetivo, essa é uma reta.

O ventilador soprou uma corrente de ar frio entre nós, e eu pude vê-lo engolir em seco enquanto soltava a fumaça do meu charuto agora com aroma misturado a pinho e papel amontoado. 


-Eu vou lhe dar duas opções garoto, você pode ir direto ao ponto e me deixar te ajudar, ou você pega sua mochilinha coloridinha e volta para o jardim de infância onde você aprendeu a dar tantos rodeios para se justificar. Escolha!


TO BE CONTINUED...






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